Para inciar as postagens do blog, resolvi comentar um tema polêmico entre guitarristas e luthiers, que é a escolha do potenciômetro ideal.
Antes de explicar tecnicamente o que é o potenciômetro, é importante entender o que é uma resistência. Quando certa corrente elétrica passa em um circuito livre de resistência, a corrente de entrada é igual à de saída, isto é, não há dissipação dessa corrente. Quando há uma resistência neste circuito, a corrente que passar por ela será dissipada, e ao final do circuito, a corrente será menor.
O potenciômetro é uma RESISTÊNCIA VARIÁVEL. Ele é composto por uma sapata (skate) de metal, que desliza, quando giramos o eixo, sobre uma pista de carbono. Em cada potenciômetro convencional, há 3 conectores, um ligado a cada ponta da pista de carbono e um ligado a essa sapata (central).
O potenciômetro de volume, em geral, possui um dos conectores das pontas ligado ao terra (negativo), um ao captador (ou saída da chave seletora) e o outro ao Jack de saída (e/ou ao próximo passo do circuito, por exemplo ao potenciômetros de tom). Quando giramos o eixo, aproximando a sapata do conector ligado ao terra, aumentamos o caminho da corrente elétrica pela resistência, aumentando a resistência do circuito e, conseqüentemente, diminuindo a corrente (o volume).
No potenciômetro de tonalidade, um dos conectores é ligado a um capacitor, que é um componente capaz de filtrar a corrente, eliminando freqüências. Logo, o potenciômetro de tom (ligado ao capacitor, tem o objetivo de tirar os agudos naturais do captador).
DÚVIDAS FREQUENTES
1 – Utilizo resistências de 250k ou 500k? A ou B? O que é isso???????
Existem diversos tipos de potenciômetros e a escolha do tipo errado pode afetar o timbre e o ganho dos captadores. Em geral, para captadores single, utilizam-se potenciômetros de 250k e para captadores duplos (humbuckers), utilizam-se 500k. Em circuitos ativos, em geral, são utilizados potenciômetros de menor resistência, como os de 50k. Em uma visão simplificada, podemos dizer que, quanto maior a resistência, mais agudo ficará o timbre, por isso, potenciômetros de 250k tendem a deixar o timbre de humbuckers muito grave e de 500k deixam o de single muito agudos, por isso constuma-se utilizar 500k quando se tem pelo menos 1 humbucker e 250k quando são apenas single.
Quanto ao “A ou B”, é uma dúvida freqüente entre instrumentistas. Então ATENÇÃO: a escolha de A ou B para volume ou tom depende do gosto do instrumentista e não altera o timbre do instrumento. Por convenção a maioria das fábricas utiliza A para volume (mudanças rápidas de volume) e B para tom (uma grande gama de opções de timbre).
· Potenciômetros B, mais conhecidos como Lineares (“LIN”), possuem escala linear, isto é, conforme giramos o eixo, o aumento de resistência é gradativo e proporcional ao giro.
· Potenciômetros A, mais conhecidos como Logarítmicos (“LOG”), possuem escala logarítmica, isto é, conforme giramos o eixo, o aumento da resistência segue uma escala log (aumenta repentinamente no fim da escala).

2 – Meu potenciômetro está “chiando” quando giro o eixo!
É muito comum a pista de carbono apresentar impurezas, poeira, sujeira no seu percurso. Logo, quando a sapata passa por essa sujeira, é normal que ocasione barulhos desagradáveis. Para isso, uma limpeza costuma resolver. Para isso, os luthiers abrem os potenciômetros, limpam a pista de carbono com álcool isopropílico e um pincel fino e macio. Isso remove as impurezas. Pode também ser adicionada uma gota de óleo de máquina após a limpeza para lubrificação. Em alguns casos, a limpeza não é suficiente, e o potenciômetro ou a pista de carbono devem ser substituídos.
Deve ser ressaltado que não é interessante utilizar óleos como WD ou outros anti-ferrugem, pois eles podem danificar a pista de carbono e a sapata.
Por hora não entrarei mais em detalhes, mas se tiverem alguma dúvida, me mandem um e-mail que terei prazer em responder!!
Luthier André