quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CONTINUANDO...
Finalmente depois de passar a tupia com o molde na posição correta, o resultado final é este que segue...


Estou trabalhando em uma guitarra strato, e o trabalho está ficando interessante...
quando comparadas com outros instrumentos sólidos, as guitarras stratocaster sofrem com a falta de sustain.... Então resolvi trabalhar em um novo projeto de uma strato com o maior sustain possível.... Para começar, pensei na escolha das madeiras e reolvi fazer o corpo em Mogno...
Sim... Mogno... apesar de ter um timbre caracteristicamente grave, diferente do normalmente visto em strato, o sustain proporcionado por essa madeira é inigualável...
O braço será em Maple e a escala, em ébano....Isso deverá contrabaleancear o timbre do mogno....




Para fabricar um instrumento, algumas ferramentas são indispensáveis... entre elas, destacam-se as serras para cortar o contorno, a tupia para escavar e copiar os moldes. O início do projeto se dá com a confecção do molde, que deverá estar impecável e deverá conter não somente o contorno do instrumento, como todos os furos, com perfeição nas curvas e detalhes... Lembre-se, a sua guitarra será idêntica ao molde, portanto faça-o com muito cuidado. Os moldes devem ser feitos em madeiras finas e resistentes, que não deformem com o tempo... eu costumo usar MDF mas há moldes de muitos materiais.


Como faço este trabalho devagar, hoje vou postar até o ponto onde estou... no corpo do instrumento...Inicialmente, o desenho foi passado para a madeira a partir de um molde em MDF que fiz há algum tempo, e escolhi a melhor parte da peça de mogno para isso, de forma que as fibras da madeira acompanhassem longitudinalmente o corpo do intrumento, proporcionando uma melhor condução da vibração da madeira.
Após o desenho, o contorno foi cortado grosseiramente com uma serra de fita (este trabalho pode ser feito também com uma tico-tico, mas com madeiras duras, a tico-tico pode não aguentar (sim.... isso já aconteceu comigo...hehehe).
Feito isso, o molde deverá ser novamente colocado sobre o corpo e o contorno deverá ser acertado com uma tupia, que pode ser de mesa ou manual. Na fresa da tupia há um rolamento (imagem da direita) que bate no molde e permite que se copie o molde com precisão... Desta forma, o corpo ficará com o formato correto e sem as irregularidades da serra de fita.















Contorno feito, agora a furação deverá ser desenhada com base no molde e o corpo estará pronto para tomar sua forma definitiva. Porém, antes de furar com a tupia, as cavidades são furadas com uma furadeira de bancada... desta forma, a fresa da tupia terá pouco trabalho a fazer e você acaba de poupar uma ferramenta bem cara.... Somente depois da furação o molde é novamente colocado sobre o corpo e a tupia entra em ação para copiá-lo.



Por hoje é isso!
Conforme a construção for avançando, irei postando o passo a passo aqui no blog.
Abraços e até logo...


domingo, 14 de agosto de 2011




Depois de muito tempo sem postar, resolvi voltar o blog a ativa.
Então para começar, vou postar um trabalho que fiz recentemente para meu cliente e amigo Anderson, de Ibitinga (SP)

O baixo do Anderson apareceu aqui na oficina com um problema sério: o tensor estava com a bala de ajuste quebrada!!!
Normalmente isso se resolve removendo a bala do tensor e substituindo-a por uma nova... ok, PORÉM... como tudo sempre pode piorar, o tensor do baixo do Anderson, um Washburn bantam series americano (excelente por sinal) é de dupla ação e, portanto, a bala do tensor não é removível... A única forma de resolver o problema seria trocar o tensor inteiro.

Para isso, o primeiro passo seria remover a escala para ter acesso ao tensor. A escala é colada, em geral, com cola de madeira do tipo PVA. Esta cola é hidrossolúvel e derrete com o calor excessivo. Para removê-la foi necessário o uso de um secador de cabelo, lâminas de estilete, um pano umedecido e muuuuuuuuuuuuita paciência. O processo leva dias de trabalho intenso para que a madeira não seja danificada.

Enquanto se aquece intensamente uma pequena região da escala, força-se a a lâmina de estilete na região para que ela vença a cola derretida com o calor. Porém, isso se faz muito devagar e quase sem força, para preservar a integridade da madeira.

O resultado deste trabalho delicado é a remoção completa da escala, sem danificar nenhuma parte do braço. Finalmente temos acesso ao tensor deste baixo e podemos removê-lo.

Para a substituição do tensor, resolvi optar por uma peça nova adquirida na Stewart Macdonald, uma das melhores lojas de suprimentos para luthieria. Trata-se de um novo tensor de dupla ação, que manterá a qualidade e a originalidade do baixo do Anderson, sem ter que redimensionar a cavidade do braço.

O tensor foi, portanto, acomodado na cavidade do braço e a escala foi recolada. No entanto, este procedimento faz com que a escala se acomode de uma forma levemente diferente do que estava no braço antes de ser removida, portanto, se faz necessária a remoção dos trastes, o nivelamento da madeira, a colocação de novos trastes e um retoque no acabamento do verniz, que sempre é danificado durante a remoção da escala e sua reacomodação.
No fim das contas, este procedimento é quase tão trabalhoso quanto o de fabricar um braço, mas resolve o problema mantendo a originalidade do instrumento. O resultado final é um braço quase novo para o instrumento.Até a próxima!