Olá!
A grande maioria dos clientes que aparecem na oficina sempre
me pede para abaixar as cordas o máximo possível, mas o que poucos sabem é que
quanto mais próximas as cordas, menor o sustain do instrumento.
Como assim???

Em um braço de um instrumento com as cordas normalmente instaladas a uma altura confortável, porém não tão baixa, teremos a seguinte situação quando a corda é ferida: o ângulo entre a corda e o braço do instrumento é suficiente para manter separada a corda vibrante do próximo traste.
Nesta situação, a corda vibra naturalmente sem colidir
fisicamente com nenhum obstáculo, e para de vibrar apenas pela atenuação natural da vibração.
Porém, em instrumentos com ação
de cordas baixa temos uma situação onde, mesmo com trastes perfeitamente
alinhados, o angulo formado entre a corda e o braço é muito pequeno, não sendo suficiente para evitar o contato da corda vibrante com o traste seguinte. Como consequência, as cordas batem nos trastes seguintes à nota pela sua vibração
natural:
Este “trastejamento natural”
acaba por gerar às vezes, um som indesejável
(“pec pec”) e reduz o tempo de vibração das cordas, mais conhecido como
sustain.
Desta forma, em um instrumento convencional,
quando as cordas encontram-se muito próximas dos trastes, deve-se arcar com o
ônus da redução do sustain do instrumento e com um ruído indesejável, mesmo que
os trastes estejam perfeitamente alinhados. Por isso, normalmente, os músicos que gostam de cordas bem baixas, utilizam efeitos de distorção, compressores,
drive, etc, que acabam por aumentar artificialmente o sustain do instrumento. Aqui cabe muito bem a frase de um de meus mestres de Luthieria: "Não existe instrumento de cordas baixas que não "trasteje" quando desplugado"
DÚVIDAS COMUNS
Eu gosto de cordas baixas! Como melhoro o sustain e reduzo o
som resultante da colisão com os trastes???
Como eu disse anteriormente, a amplitude de vibração depende
de alguns fatores como:
1 – a força que é aplicada sobre as cordas – quanto mais “leve”
a mão do guitarrista, menor a amplitude
de vibração e, consequentemente, menor a probabilidade de a corda
colidir com os trastes.
2 – a espessura das cordas – encordoamentos mais grossos são
mais resistentes e, portanto, vibram em menor amplitude quanto tocados pelo
mesmo guitarrista.
3 – o material do qual são feitas as cordas – Há uma grande
variedade de marcas de encordoamentos, sendo que cada uma apresenta uma liga
metálica diferente, ou um tratamento anti-corrosão diferente. Desta forma, cada
marca e modelo de encordoamento terá uma resistência diferente dos demais.
Encordoamentos mais “duros” exibirão o maior sustain em instrumentos com cordas
baixas.
De uma forma resumida, o músico deve escolher entre o maior
sustain, com cordas não tão baixas, e o maior conforto e velocidade, com cordas bem baixas, mas é claro, é possível dosar ambos para chegar na melhor conformação possível para cada músico.
Qualquer dúvida, basta adicionarem a Arsenal Luthieria no Facebook e perguntarem, que estou sempre à disposição!
Luthier André