domingo, 14 de agosto de 2011




Depois de muito tempo sem postar, resolvi voltar o blog a ativa.
Então para começar, vou postar um trabalho que fiz recentemente para meu cliente e amigo Anderson, de Ibitinga (SP)

O baixo do Anderson apareceu aqui na oficina com um problema sério: o tensor estava com a bala de ajuste quebrada!!!
Normalmente isso se resolve removendo a bala do tensor e substituindo-a por uma nova... ok, PORÉM... como tudo sempre pode piorar, o tensor do baixo do Anderson, um Washburn bantam series americano (excelente por sinal) é de dupla ação e, portanto, a bala do tensor não é removível... A única forma de resolver o problema seria trocar o tensor inteiro.

Para isso, o primeiro passo seria remover a escala para ter acesso ao tensor. A escala é colada, em geral, com cola de madeira do tipo PVA. Esta cola é hidrossolúvel e derrete com o calor excessivo. Para removê-la foi necessário o uso de um secador de cabelo, lâminas de estilete, um pano umedecido e muuuuuuuuuuuuita paciência. O processo leva dias de trabalho intenso para que a madeira não seja danificada.

Enquanto se aquece intensamente uma pequena região da escala, força-se a a lâmina de estilete na região para que ela vença a cola derretida com o calor. Porém, isso se faz muito devagar e quase sem força, para preservar a integridade da madeira.

O resultado deste trabalho delicado é a remoção completa da escala, sem danificar nenhuma parte do braço. Finalmente temos acesso ao tensor deste baixo e podemos removê-lo.

Para a substituição do tensor, resolvi optar por uma peça nova adquirida na Stewart Macdonald, uma das melhores lojas de suprimentos para luthieria. Trata-se de um novo tensor de dupla ação, que manterá a qualidade e a originalidade do baixo do Anderson, sem ter que redimensionar a cavidade do braço.

O tensor foi, portanto, acomodado na cavidade do braço e a escala foi recolada. No entanto, este procedimento faz com que a escala se acomode de uma forma levemente diferente do que estava no braço antes de ser removida, portanto, se faz necessária a remoção dos trastes, o nivelamento da madeira, a colocação de novos trastes e um retoque no acabamento do verniz, que sempre é danificado durante a remoção da escala e sua reacomodação.
No fim das contas, este procedimento é quase tão trabalhoso quanto o de fabricar um braço, mas resolve o problema mantendo a originalidade do instrumento. O resultado final é um braço quase novo para o instrumento.Até a próxima!